A coordenadora executiva da FENAMP, Sandra Zembrzuski, levou para a 18ª reunião do Fórum Nacional de Atenção à Saúde Mental no Ministério Público uma pauta urgente da categoria: o direito à desconexão. Na semana passada, uma analista do Ministério Público do Rio Grande do Sul faleceu repentinamente e familiares apontam o excesso de trabalho como fator determinante.
Representante dos servidores no Fórum, Sandra iniciou sua participação agradecendo a deferência e o reconhecimento institucional. Mas, logo em seguida, fez um pronunciamento contundente sobre a realidade vivida pelos servidores do Ministério Público em diferentes regiões do país.
“Estamos perdendo colegas por sobrecarga de trabalho”
Em sua intervenção, Sandra relatou a perda recente de uma colega, de forma súbita. Ela destacou que existem indícios de que o falecimento tem relação direta com a sobrecarga laboral e o esgotamento acumulado ao longo dos anos. A coordenadora destacou que jornadas de 10, 12 horas ou mais por dia, somadas a trabalho contínuo em sábados, domingos, feriados, períodos de férias, recesso e até durante licenças de saúde, tornaram-se realidade cotidiana para muitos servidores.
Ela enfatizou que a situação é ainda mais crítica entre quem desempenha funções gratificadas ou atua em regime de teletrabalho. “Praticamente todos os colegas que estão no remoto vivem nesse ritmo”, afirmou.
Direito à desconexão na pauta de 2026
Diante desse cenário, Sandra defendeu que a primeira pauta do Fórum em 2026 seja a discussão e regulamentação do direito à desconexão, como forma de proteger a saúde dos servidores e garantir condições de trabalho humanas e seguras.
Ela chamou atenção para a necessidade de rever práticas institucionais: distribuição de tarefas, volume de demandas, funcionamento dos sistemas fora do expediente e ausência de limites claros entre trabalho e vida pessoal. Segundo a representante, “não é possível falar em saúde mental sem enfrentar a raiz do adoecimento”.
Um alerta à instituição
A intervenção de Sandra repercutiu entre os presentes por sua franqueza e por apontar um problema estrutural que segue afetando equipes em todo o país. Ao colocar o direito à desconexão como prioridade, ela reforçou que políticas de saúde mental precisam estar alinhadas à organização do trabalho, e não apenas ao tratamento dos sintomas.
O Fórum retoma suas atividades em fevereiro de 2026, quando a pauta proposta pela federação deve voltar ao centro das discussões.

